O Ministério das Relações Exteriores da Rússia declarou nesta segunda-feira que considera a renúncia da primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, e a mudança de forças políticas no poder um “assunto interno” do país.
Hasina renunciou nesta segunda-feira (5) ao cargo em meio à agitação no país e deixou a residência oficial na capital, Dhaka.
“Moscou parte do princípio de que a mudança de forças políticas no poder em Bangladesh é um assunto interno desse país. Ao mesmo tempo, Moscou espera que os processos políticos internos em um Estado amigo retornem o mais rápido possível à via constitucional”, destaca o comunicado.
Governo interino
O presidente de Bangladesh, Mohammed Shahabuddin, fez uma reunião com representantes de partidos políticos, associações públicas e comandantes de três ramos das Forças Armadas, em que ficou decidido dissolver o Parlamento do país para formar um governo interino o mais rápido possível, informou o portal de notícias Prothom Alo.
O coordenador do Movimento Estudantil contra a Discriminação, principal organizador dos protestos em Bangladesh, disse que a composição do governo interino será anunciada nas próximas 24 horas, segundo a reportagem.
O chefe do Exército, Waker-Uz-Zaman, é um dos coordenadores do governo interino e está se reunindo com líderes dos principais partidos políticos, incluindo a oposição, disse o The Daily Star.
Aeroporto da capital fechado e serviço de trens suspenso
O Aeroporto Internacional Hazrat Shahjalal, em Dhaka, foi fechado até um novo aviso após a renúncia de Hasina, informou o jornal Dhaka Tribune. Já o jornal The Hindu publicou que a Índia suspendeu os serviços ferroviários com Bangladesh.
Ontem (4) os confrontos entre a oposição e as forças de segurança terminaram em quase 100 mortos, de acordo com o jornal local The Daily Star, além de 400 feridos.
Na semana passada, o governo de Bangladesh impôs toque de recolher em Dhaka e em outras cidades do país.
Os protestos começaram em julho passado contra o sistema de cotas do governo de Bangladesh para empregos públicos, após confrontos violentos na Universidade de Dhaka. Mais 200 pessoas morreram nos confrontos.
Os manifestantes exigiram o fim do sistema de cotas, que reserva 30% dos cargos governamentais para familiares de veteranos de guerra de 1971. Eles alegaram discriminação e favoritismo em relação aos apoiadores de Hasina, cujo partido liderou o movimento de independência.
O governo havia descartado o sistema de cotas em 2018, mas um tribunal o restabeleceu no mês passado.
As manifestações também foram alimentadas pelo alto desemprego entre os jovens, que representam quase um quinto da população.