Os Estados Unidos estão considerando novas e mais restritivas medidas para pressionar os seus aliados a restringirem o seu comércio de chips com a China. Mas há um detalhe: a cadeia global de semicondutores está profundamente interligada, alertou o jornal Global Times.
Na quarta-feira (17), as ações do setor de chips sofreram quedas, com ações de grandes empresas de semicondutores como a Nvidia caindo drasticamente enquanto os mercados assimilavam relatos de uma repressão mais dura ao comércio com a China.
A Nvidia caiu mais de 6%, enquanto a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company caiu quase 7%, e a ASML caiu mais de 10%, segundo o Yahoo Finance.
A crise no setor ocorre no momento em que o governo do presidente Joe Biden está considerando restrições ainda mais rígidas ao acesso da China a produtos de chips de alta tecnologia dos EUA.
Segundo o editorial, Washington utiliza a chamada “diplomacia dos chips” para estabelecer uma estreita cooperação na cadeia de fornecimento de semicondutores com nações como o Japão e os Países Baixos e, desta forma, construir uma aliança internacional que exclui Pequim.
“No entanto, a cadeia global da indústria de chips está profundamente interconectada, e tentar criar artificialmente um mundo sem a China é apenas uma fantasia política”, afirma o jornal.
O governo Biden está exigindo que os países aliados reforcem os serviços de manutenção para equipamentos de fabricação de chips chineses, impactando diretamente fornecedores de equipamentos importantes como ASML e Tokyo Electronics, bem como empresas de chips dos EUA como Intel, Qualcomm e Nvidia.
“A indústria de chips é um elo crítico na cadeia global da indústria de alta tecnologia, e sua estabilidade afeta diretamente a produção e a inovação de produtos eletrônicos. A repressão da China pelos EUA prejudica não apenas a comunidade global, mas também a si mesma”, destaca a mídia.
De acordo com a Semiconductor Equipment and Materials International, as vendas globais de equipamentos de fabricação de semicondutores totais por fabricantes de equipamentos originais devem atingir US$ 109 bilhões (R$ 604 bilhões) em 2024, com a China respondendo por mais de 30%, tornando-se o maior mercado.
Espera-se que Nvidia, Intel e Qualcomm gerem receita anual significativa no mercado chinês. É também por isso que, apesar da pressão de Washington, o investimento da Intel na China está crescendo.
O crescimento do investimento “levou as empresas americanas a tentarem continuamente persuadir a Casa Branca a abandonar a política de atualização das restrições de chips na China. Muitos fabricantes americanos de equipamentos de chips expressaram recentemente em uma série de reuniões com autoridades dos EUA que a atual política comercial é contraproducente, prejudicando os interesses das empresas americanas de semicondutores, mas falhando em impedir o desenvolvimento da China como o governo dos EUA esperava”, escreve a mídia.
Ao mesmo tempo, Washington está tentando impedir que as empresas chinesas obtenham equipamentos avançados de produção de chips e certas tecnologias-chave através dos seus controles de exportação.
Mas diante da pressão externa, as fabricantes chinesas de chips começarão inevitavelmente a acelerar os seus esforços independentes, promovendo assim o desenvolvimento sustentável a longo prazo da indústria nacional de semicondutores.
“A manifestação típica do ‘bullying tecnológico’ americano não só leva a China, mas também outros países do mundo a compreender profundamente a importância de manter uma ordem justa no campo da tecnologia e de promover o desenvolvimento comum”, concluiu o Global Times.